Dr. Eduardo Paglioni
9 de Janeiro, 2025
8 min de leitura

Obesidade e Refluxo

Descubra como o excesso de peso pode estar sabotando seu esôfago e agravando o refluxo — e o que realmente funciona para reverter isso!

Obesidade e Refluxo - Dr. Eduardo Paglioni
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Assista ao vídeo completo sobre a relação entre obesidade e refluxo gastroesofágico

ENTENDA A RELAÇÃO

A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma das condições gastrointestinais mais comuns no mundo. Ela acontece quando o conteúdo do estômago retorna para o esôfago de forma frequente, causando sintomas como azia, queimação retroesternal e regurgitação ácida.

Nos últimos anos, o número de pessoas com refluxo tem aumentado, e um dos principais fatores associados a esse crescimento é a obesidade. (1)

POR QUE A OBESIDADE FAVORECE O REFLUXO?

O excesso de peso, especialmente quando a gordura está acumulada na região abdominal, aumenta a pressão intra-abdominal que acaba dificultando o fechamento adequado do esfíncter esofágico inferior. (2)

Funciona assim: você mastiga o alimento na boca e, quando engole, ele passa pela garganta (orofaringe) e desce por um tubo chamado esôfago. O esôfago é apenas uma via de passagem entre a boca e o estômago. No final dele, existe o esfíncter esofágico inferior, que age como uma "válvula": permite a passagem do alimento apenas no sentido esôfago → estômago, impedindo que o suco gástrico volte.

Quando essa "válvula" não funciona direito, ocorre o refluxo. É aquela sensação de queimação no fundo da garganta depois de comer em excesso, por exemplo.

Além disso, a obesidade contribui para o refluxo porque está associada a:

  • Maior produção de substâncias inflamatórias que prejudicam o funcionamento do trato digestivo.
  • Esvaziamento gástrico mais lento, prolongando o contato do ácido com o esôfago.
  • Alterações hormonais (como níveis mais altos de leptina e grelina), que influenciam a motilidade gastrointestinal.

QUAIS SÃO OS RISCOS?

A DRGE não se resume apenas à azia. Quando não controlada, pode causar:

  • Esofagite (inflamação do esôfago).
  • Estenose esofágica (estreitamento por cicatrização).
  • Esôfago de Barrett (alteração no revestimento do esôfago, considerada lesão pré-maligna).
  • Aumento do risco de câncer de esôfago.

Em pessoas com obesidade, a chance de complicações é ainda maior, tornando o diagnóstico precoce e o tratamento fundamentais. (3)

O QUE PODE SER FEITO?

O tratamento envolve mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, cirurgia. Para quem tem excesso de peso, o emagrecimento é a estratégia mais eficaz: estudos mostram que a redução do peso corporal está diretamente associada à melhora dos sintomas de refluxo. (4)

Para entender melhor: quando um paciente com DRGE tem indicação de cirurgia para tratar a doença, mas também sofre de obesidade mórbida (grau III), a cirurgia indicada passa a ser a bariátrica. Nesse caso, é a perda de peso que proporciona a melhora do refluxo. (5)

Ou seja: o verdadeiro vilão, muitas vezes, não é apenas o refluxo — mas sim o excesso de peso.

Medidas que podem ajudar contra a DRGE incluem:

  • Reduzir o consumo de alimentos gordurosos, café, álcool e refeições volumosas.
  • Evitar deitar-se logo após comer.
  • Manter a cabeceira da cama elevada.
  • Uso de inibidores da bomba de prótons, como omeprazol e pantoprazol.

Entretanto, em muitos casos, o melhor tratamento é o emagrecimento!

CONCLUSÃO

A obesidade não é apenas um fator estético, mas uma condição que repercute em diversos órgãos e sistemas. A Doença do Refluxo Gastroesofágico é um dos exemplos mais claros de como o excesso de peso pode impactar a qualidade de vida e a saúde gastrointestinal.

Perder peso não apenas reduz os sintomas de refluxo, como também diminui o risco de complicações graves. Cuidar do peso é, portanto, cuidar do esôfago, do estômago e, principalmente, da saúde como um todo.

REFERÊNCIAS

  1. Xie M, Deng L, Fass R, Song G. Obesity is associated with higher prevalence of gastroesophageal reflux disease and reflux related complications: A global healthcare database study. Neurogastroenterology & Motility. 2024 Jan 31: p. e14750.
  2. Siboni S, Bonavina L, Rogers B, Egan C, Savarino E, Gyawali P, et al. Effect of Increased Intra-abdominal Pressure on the Esophagogastric Junction - A Systematic Review. Journal of Clinical Gastroenterology. 2022 Dec: p. 821-830.
  3. Valezi, Herbella AM, Schlottmann, Patti M. Gastroesophageal Reflux Disease in Obese Patients.
  4. Ness-Jensen E, Lindam A, Lagergren J, Hveem K. Weight Loss and Reduction in Gastroesophageal Reflux. A Prospective Population-Based Cohort Study: The HUNT Study. American Journal of Gastroenterology. 2013 Mar: p. 376-382.
  5. Conselho Federal de Medicina. Conselho Federal de Medicina. [Online].; 2025 [visitado em 2025 08 18. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/cfm-atualiza-regras-para-realizacao-de-cirurgia-bariatrica-e-metabolica.

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